RIO PARAGUAI

RIO PARAGUAI
Rio Da minha sorte!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Sem a luz do teu olhar ( Sandra Andrade)
 Enquanto meus pés
 caminhavam  sobre pedras,
 Meu olhar alcançou
 Águas  paradas e montanhas distantes....

A  distância e o tempo
 Acenavam  uma saudade,
 E nada andava
 Como  o meu pensamento,
 Que  ainda ouvia feliz
 As  batidas do seu coração
 naquela tarde...

Aves , alçando voos precisos,
 aproximavam do céu,
 o meu sonho de estar contigo...
 E a vida pareceu-me possível
 ao lado teu!
 Um pássaro cantou,
 Então ouvi a tua voz
 como  um cochicho  do luar
 nos   meus ouvidos!
 E a saudade vestida de Lua,
 debruçou-se  sobre a minha noite
 escura -   sem a luz do teu olhar!!!

É NATAL DE 2011

É NATAL DE 2011  - (Sandra Andrade)
 
 
 
É Natal  de 2011
 
Nenhum  homem-pássaro
 
Risca  o céu em  vôos
 
 nenhum  super-anel arremessando
 
Homens, robôs ou
mulheres
Para o espaço...
 
É Natal de2011
 
Cá embaixo,
 
Um Jaburu voa  à  toa
 
Um Jacaré bóia  na  lagoa
 
O cerrado já preparou os frutos dos guavirais
E um pequizeiro ensaia
 
Para em 2012 ser uma árvore de Natal!
 
É Natal  de  2011
 
Construamos juntos
 
abrigos e paióis,
 
Para Guardarmos
 
Sementes e poesias
 
Tempo feliz
 
Para meninos e meninas
 
E riso franco para anciãos!
 
É Natal de 2011
 
Façamos vigílias
 
Por nossa crianças
 
Por seus rabiscos e canções
 
Acendamos velas e faróis
 
Para iluminar
 
Os sonhos e os caminhos
 
De seus pais!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

SOLICITUDE - Sandra Andrade

Antes, eu não caminhava
_ Ia apenas...
Agora, depois de ti
 Ouço longamente a estrada.
E conheci a solicitude do dia
Com os pássaros.
Então não passo mais,
Compreendo as margens...
_ E fico um pouco pelo caminho!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quando o céu sonha ouvindo cantigas azuis

Quando o céu sonha ouvindo cantigas azuis
                                         Sandra Andrade

Uma lua crescente
Num céu de maio
Observando-nos longamente
Consentiu ao meu amor
Uma noite inteira
De sonhos alinhavados
Com estrelas e beijos!

E nesse consentimento amoroso
De luz em noite outonal
Um poema descuidado e solitário,
Cochichou seu nome,
Em todo o caminho
Da Via-Láctea...
Por isso, nessa manhã que passa
O céu parece ainda dormir e sonhar
Ouvindo cantigas azuis!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Estremecimentos - Sandra Andrade


Não é um  poema novo
É o mesmo rufar de asas
Que estremece no poema antigo
Quando leio em teus olhos
Os versos alados que tecerias
Se pudesses falar de amores...

Não é um poema novo...
É o amor que se repete:
- Preciso como uma flecha
E que atravessa  outra primavera inteira
Enquanto eu me debruço
Sobre canteiros de cadeínas
De onde brotam versos
Densos de estranhezas
Que só esse amor consente.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

De tanto viver – para o Dilim , com amor

De tanto viver – para o Dilim , com amor
                                                                           Sandra Andrade

Eu gostaria de viver muito,
Poder ver da minha janela,
A minha árvore – e mesmo depois
De tantos Janeiros, vê-la vestir-se
Das mesmas Estações
E enxergá-la como se fosse
sempre o seu primeiro Outono
Ou o seu primeiro inverno...
E de tanto viver,
Sentir-me parte de suas cascas,
Seiva e galhos renovados de ninhos e asas
Em cada Primavera!
E mesmo vivendo tanto,
Ver as águas das minhas nascentes
Como se fossem sempre as mesmas águas:
  Serenas, protegidas e constantes...
Queria viver tanto,
E mesmo assim,
Não acostumada ainda de tanto viver
Não deixar de sentir os sobressaltos
De todas as cheias de janeiro
Até as últimas águas de Março...
E de tanto viver
Perder a conta,
De quantas Luas cheias vimos juntos
E quantas marés
Subiram pelos nossos sentidos
Em cada noite de luar!
E de tanto viver,
E de querer viver tanto,
Os que me amam,
Ao saberem do meu desaparecimento
Poderão acreditar – que não parti
Estou somente em estado de arborescência
Para a construção de ninhos
E meditações de luares
Que cochicham minha vida
E poesia às margens das nascentes!
                                         

domingo, 30 de outubro de 2011

Omnia - Teachers



Professores

Eu conheci uma mulher há muito tempo
Seu cabelo negro até onde o negro pode ir.
Você é uma professora do coração?
Suavemente ela respondeu que não.

Eu conheci uma garota do outro lado do mar,
Os cabelos de ouro como o ouro pode ser.
Você é uma professora do coração?
Sim, mas não para ti.

Eu conheci um homem que enlouqueceu
Em algum lugar perdido eu tive que encontrar
Siga-me o sábio disse,
Mas ele caminhou para trás

Eu entrei em um hospital
Quando ninguém estava doente e ninguém estava bem,
Quando à noite a enfermeira foi embora
Eu não podia andar nem um pouco
Amanheceu o dia e depois veio o meio-dia,
Hora do jantar uma lâmina de bisturi
Colocada ao lado da minha colher de prata

Algumas garotas vagueiam por engano
Dentro da bagunça que fazem os bisturis
Vocês são as professoras do meu coração?
Nós ensinamos velhos corações a se partir

Certa manhã acordei sozinho
O hospital e as enfermeiras tinham ido embora
Já esculpi o suficiente, meu senhor?
Criança, você está um osso.

Eu comi e comi e comi
Não, eu não perdi um prato, bem
Quanto custa estas ceias?
Vamos arrancar o ódio

Eu gastei meu ódio em todo lugar,
Em cada trabalho, em cada rosto
Alguém me deu desejos
E eu desejei por um abraço

Várias garotas me abraçaram, em seguida,
Eu fui abraçado por homens,
É a minha paixão perfeita?
Não, mais uma vez

Eu era belo, eu era forte
Eu sabia as palavras de cada canção
Minha canção agrada você?
Não, as palavras que você cantou estavam erradas.

Quem é este a quem me dirijo?
Quem anota o que eu confesso?
Vocês são as professoras do meu coração?
Nós ensinamos velhos corações a descansar

Oh professora as minhas lições acabaram?
Eu não posso fazer outra.
Riu e riu e disse:
Bem criança, as suas lições terminaram?
As suas lições estão feitas?
As suas lições estão feitas?
As suas lições estão feitas?

sábado, 15 de outubro de 2011

Pedaço de mim - Chico Buarque

O enoitecer do amor do poeta

Fez-se necessário
No poema a precisão
Da hora cinza
 em que o amor se foi.

Assim, o registro da dor,
No azul da tarde
Desenhou no horizonte
Sombras de pássaros
Que fugiam intensos de tristezas
Dos  versos do poema!

O rufar das asas
Os acordes de uma canção antiga
 E um resto de sol
Lembrando o fogo de Prometeu
Ardeu no poema
No final da tarde
Sobre a mesa do poeta!

- E o amor desfez-se...
E um céu enoitecido
De estrelas e saudades
Amanheceu outra vez
Em outro verso do poeta!

domingo, 28 de agosto de 2011

Djavan - Melodia Sentimental


Infinita espera

Infinita  espera
Onde não  vejo  a ti
e  agonizam os  sentidos
numa janela do tempo
sem  asas para o encanto do voo!

Como uma noite escura
saio  ao encalço da Lua
Ganho as esquinas,
pressinto sombras
e na  delicadeza  do  verso
meu olhar  alcança
sobre as copas das árvores
o luar debruçando
sobre a  minha tristeza.
Então a lua vem chorar
comigo a sua ausência!



Melodia Sentimental - Hoje é Dia de Maria


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

TERNURA


Eu queria um amor,
Desses, que de tão afeito
Às penumbras e romances
Cosesse com alinhavos de ternuras
Os entardeceres às noites de Lua Nova...

Um amor tão alegre
Que estendesse todas as noites
Uma lua de cetim e prata
Sobre o meu quintal, árvores e telhado...

Um amor,
Onde o cotidiano
Não devorasse os advérbios
Vigorosos de afetos e acenos de branduras...

Um amor
Onde todos os dias,
O ser amado trouxesse
Embrulhados como presente
Narcisos, cantigas azuis,
Berilos  rosas, confissões amorosas de Eco
E, na sua ausência,
Na volta,  trouxesse
Orvalhos amanhecidos de saudades!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quando o céu sonha ouvindo cantigas azuis



Uma lua crescente
Num céu de maio
Observando-nos longamente
Consentiu ao meu amor
Uma noite inteira
De sonhos alinhavados
Com estrelas e beijos!

E nesse consentimento amoroso
De luz em noite outonal
Um poema descuidado e solitário,
Cochichou seu nome,
Em todo o caminho
Da Via-Láctea...
Por isso, nessa manhã que passa
O céu parece ainda dormir e sonhar
Ouvindo cantigas azuis!

sábado, 23 de julho de 2011

SONHOS E ENSAIOS DE TERNURAS


Em noites
 de repetidas luas novas
quando  só havia o ruflar de asas
e  o chiar de uma ave de rapina,
o  silêncio de janelas e pensamentos
dolorosamente  acorrentados
à  naus ancoradas
 num mar de profunda tristezas...
Eu sonhava com uma  Lua alta,
Cheia... passeando numa manhã
Sonora de pássaros
E ecos da tua voz
Que traziam uma tarde
Que já  ensaiava um verso
Onde eu pudesse
Descrever à noite,
 a ternura  e  o vigor do teu olhar!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A falta


As impressões das asas
Que ficaram no  horizonte
No final da tarde
Descorada e em silêncio agora
Não me afastam
Do abismo em que me vejo
Cada vez que penso em ti!

Essa inquietude
Que já me abandona,
O pesar de não esperar mais...
Nem mesmo o vazio
Do mar que não pude ver,
Nada, nada mais
Pode separar-me
Dessa melancolia imensa
Aonde  só chega a falta do encantamento
De não esperar mais!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

AOS AMIGOS

Faz-se necessário
Guardar os amigos
Em jardins secretos
Onde há atalhos
Em prontidão, sempre precisos
Para considerações sobre o perdão,
A saudade, a mansidão e as gentilezas
De olhares e mãos!
Faz-se necessário aos amigos
Guardar bem o encantamento
Das palavras e sentimentos 
Plenos de ternuras
Para seu uso na precisão
Em dias tristes
E em outros afetados
De dureza e solidão.
_ Hoje, faz-se necessário
Pensar os amigos
 Que já não se repetem mais
  Em nossas manhãs...
E celebrar com a sonoridade
das  estrelas os que ainda estão
em  nossos caminhos!

domingo, 10 de julho de 2011

Outra vez diante de ti


Outra vez de diante de ti,
Um esmaecimento me lembra
A alma e ao corpo
Que os deuses e oráculos
Foram precisos sobre meu asilo
Longe de ti ...

Lá recolherei,
Junto com seu desafeto,
Ninhos, estrelas, raízes, casulos de  hamadríades,
Sementes, luas azuis,
Canoridades de sabiás,
Avencas e jacarandás,
Algumas advertências dos astros sobre esse amor,
 Malmequeres e  bonsais de baobás!

O asilo, deve-se a esse afrouxamento
Nas luzes da manhã,
Ressentida pela estrada de estrelas
Em que caminho quando estou ao lado teu!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Versos para um amor que morria...

Há nessa manhã um esquecimento
Um universo todo em sombras...
Alguém apagou na lua
Os rastros desse amor!
Antes disso,
Vi o dia inclinar-se
Longamente – das montanhas ao mar...
E já faltavam as palavras para o amor
E então, num verso
Sem assombros
Vi que o amor morria
E sem sobressaltos, escrevi:
_ Agora serão desertos os dias!

E, agora sozinha,
E  de tanto espreitar
O aparecimento da lua,
Dos entardeceres,
Guardo a ternura
Dos pássaros voltando aos ninhos
Já trazendo  sobre as asas
As sombras da noite
_ Por onde anda o meu costume de sonhar contigo!
E das manhãs, guardo a leveza dos voos
-São os pássaros, que com pena de mim,
Enternecidos de orvalhos
Levam  também  todos meus sonhos!

sábado, 25 de junho de 2011

Caetano Veloso -Sozinho

Aconchego


Próxima ao teu olhar
Eu me aninho...
Fico repleta de voos.
Um aconchego de asas
E então pressinto
um improviso
de amor nas manhãs...

Próxima ao teu olhar
Compreendo o encantamento
das sonoridades amorosas nas horas matutinas
!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sem ti


Nem mesmo consultas aos malmequeres,
Aos druidas, intuições
Ou poções com aromas de alquimistas medievais,
Trazem para a minha poesia
O consentimento para um dia
Feliz ao lado teu!
Assentou-se então sobre os meus dias
Manhãs, onde improviso  fugas
Para onde não chegam
As tuas luzes nem a ternura da tua voz!
Assim , sigo um tempo
Fingindo ter escolhido
A canção que não murmura
Ao vento o teu nome
E não nomeia os dias sem ti...
Foi-me embora um verão
Contemplado de cheias
Que alcançaram também
O forte onde escondi,
Das minhas próprias marés,
Com estranheza,  os incêndios do meu estio!