RIO PARAGUAI

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Rio Da minha sorte!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quando o céu sonha ouvindo cantigas azuis

Quando o céu sonha ouvindo cantigas azuis
                                         Sandra Andrade

Uma lua crescente
Num céu de maio
Observando-nos longamente
Consentiu ao meu amor
Uma noite inteira
De sonhos alinhavados
Com estrelas e beijos!

E nesse consentimento amoroso
De luz em noite outonal
Um poema descuidado e solitário,
Cochichou seu nome,
Em todo o caminho
Da Via-Láctea...
Por isso, nessa manhã que passa
O céu parece ainda dormir e sonhar
Ouvindo cantigas azuis!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Estremecimentos - Sandra Andrade


Não é um  poema novo
É o mesmo rufar de asas
Que estremece no poema antigo
Quando leio em teus olhos
Os versos alados que tecerias
Se pudesses falar de amores...

Não é um poema novo...
É o amor que se repete:
- Preciso como uma flecha
E que atravessa  outra primavera inteira
Enquanto eu me debruço
Sobre canteiros de cadeínas
De onde brotam versos
Densos de estranhezas
Que só esse amor consente.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

De tanto viver – para o Dilim , com amor

De tanto viver – para o Dilim , com amor
                                                                           Sandra Andrade

Eu gostaria de viver muito,
Poder ver da minha janela,
A minha árvore – e mesmo depois
De tantos Janeiros, vê-la vestir-se
Das mesmas Estações
E enxergá-la como se fosse
sempre o seu primeiro Outono
Ou o seu primeiro inverno...
E de tanto viver,
Sentir-me parte de suas cascas,
Seiva e galhos renovados de ninhos e asas
Em cada Primavera!
E mesmo vivendo tanto,
Ver as águas das minhas nascentes
Como se fossem sempre as mesmas águas:
  Serenas, protegidas e constantes...
Queria viver tanto,
E mesmo assim,
Não acostumada ainda de tanto viver
Não deixar de sentir os sobressaltos
De todas as cheias de janeiro
Até as últimas águas de Março...
E de tanto viver
Perder a conta,
De quantas Luas cheias vimos juntos
E quantas marés
Subiram pelos nossos sentidos
Em cada noite de luar!
E de tanto viver,
E de querer viver tanto,
Os que me amam,
Ao saberem do meu desaparecimento
Poderão acreditar – que não parti
Estou somente em estado de arborescência
Para a construção de ninhos
E meditações de luares
Que cochicham minha vida
E poesia às margens das nascentes!